sexta-feira, 11 de abril de 2008

ACÇÃO DE FORMAÇAO NA JUNTA DE FREGUESIA DE SÃO MIGUEL

A 5 de Abril, na Cidade da Guarda deu-se mais uma formação inserida no 1º Ciclo de Acções de Formação para Treinadores de Karate e Praticantes cintos negros. Esta é uma iniciativa levada a cabo pela Federação Nacional de Karate – Portugal (Sector Técnico – Departamento de Formação – Centro de Formação de treinadores).

“A formação é um processo contínuo e sistemático de aprendizagem no sentido da inovação e aperfeiçoamento de atitudes, saberes e saberes-fazer e da reflexão sobre valores que caracterizam o exercício das funções inerentes a cada profissão. Mas a formação também é um conjunto de possibilidades de adaptação activa, algo muito diferente de «acomodação», ou seja, a oferta de um máximo de esquemas de comportamento possíveis face a novas situações e a condução a prováveis associações dos mesmos. O facto da maior parte (se não a totalidade) dos treinadores de Karate passarem como atletas por uma progressão baseada num sistema de graduações, que ao alcançarem o seu cinto negro lhes abre as portas do ensino, fazendo só mais tarde a sua formação «teórica», coloca-os numa posição que os leva a cair numa prática não reflexiva, imitando as rotinas e os procedimentos dos seus antigos professores/treinadores, o que só é possível diminuir através de uma formação pertinente e continuada. A visão tradicionalista dos treinadores de Karate permite que exista um círculo vicioso do fracasso auto-reprodutor desportivo, até porque, os programas de formação têm geralmente um impacto reduzido, quando comparados com o impacto da aprendizagem por observação e mesmo quando o programa da formação transmite com sucesso uma perspectiva de ensino e aprendizagem, a força socializadora do ministério do treino trabalha no sentido de apagar esta tendência3, pelo que só uma motivação e actualização constantes permitem anular a referida tendência."


Dra. Cristina Caeiro Lopes – A legítima defesa e o praticante de Karate
“O praticante de Karate possui um background técnico (motor), físico (anatomofisiológico) e mental (psicológico) que lhe permite enfrentar certas e determinadas situações com maior segurança e facilidade que um cidadão comum. Numa situação de agressão, em que condições existe legítima defesa da parte do praticante mesmo existindo essa vantagem proporcional? E em que condições existe o uso excessivo de legítima defesa por parte do praticante de Karate? E quando os meios empregues por ambos os contendores, sendo um praticante de Karate, são proporcionais, em que situações existe legítima defesa? É pertinente que o treinador de Karate conheça o enquadramento legal do conceito de legítima defesa a fim de transmitir aos seus alunos noções que lhes permitam conhecer as suas responsabilidades e delas se salvaguardarem.”

Dr. Armando Inocentes – Ética, desporto e Karate
“O desporto sempre esteve intimamente ligado a formas educativas, culturais e formativas, o que sempre nos levou a considerá-lo uma escola de virtudes. O próprio Karate sempre se justificou pelos valores, pela moral, pela ética, pela disciplina e pela formação do carácter. Os actuais programas dos cursos de treinadores não contemplam um módulo que problematize esta temática, fundamental para que estes incutam nos seus alunos e competidores o fair-play e o espírito desportivo – lacuna que se tenta resolver com esta realização. Numa época em que alastra no desporto a violência, o doping, a corrupção, a fraude desportiva, a morte em competição (morte súbita e morte por acidente), a morbilidade (lesões permanentes), a exploração infantil e o treino intensivo precoce, assim como começam a ingerir-se no mesmo a política e a religião, começando até a ser visíveis casos de racismo e de terrorismo, é necessário dar formação aos treinadores neste campo para se poderem evitar e/ou modificar comportamentos perniciosos para o Karate.”

Esta foi uma formação organizada pela FNK-P em conjunto com a AEKS e colaboração da Junta de Freguesia de São Miguel da Guarda.

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